segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Fluminense x Portuguesa - Lei x Justiça - A deprimente 39ª rodada.

O Campeonato Brasileiro de 2013 encerrou-se em campo no último dia 8 deste mês. Cruzeiro campeão, Grêmio, Atlético PR e Botafogo classificados para a taça Libertadores, e Fluminense, Vasco, Ponte Preta e Náutico com a queda confirmada. Deverão os 4 jogar a Série B em 2014. Não era missão difícil para o Fluminense e para o Vasco evitar a queda, mas assim como vi o meu time do coração cair duas vezes, quando assistia aos jogos desses dois grandes do Rio de Janeiro, eu pensava que o azar, e isso de "deixar para a última hora" tentar escapar do rebaixamento iria acabar os complicando. Foi o que aconteceu. Era para ser... Mesmo com uma vitória dramática contra o Bahia, o Fluminense não era capaz de sair daquela situação com as próprias pernas. O Vasco tinha missão mais difícil ainda: parar o forte Atlético PR, que ainda brigava pelo vice-campeonato, fora de casa. O Atlético PR inaugurou o placar, e logo após o 1 x 0, teve início mais um episódio lamentável entre brigas de torcida. Uma verdadeira pancadaria fora de campo, com o tempo de paralisação do jogo tendo ultrapassado 1 (uma) hora (argumentação utilizada pelo Vasco para pedir a impugnação da partida) que teve sua continuidade com a vitória esmagadora de 5 x 1 para o Atlético PR. É óbvio que 10 ou 15 minutos a mais de espera não fizeram diferença nessa goleada, ou alguém discorda? O Vasco, precisando vencer, foi destruído em campo. Alguns poderiam considerar o resultado vexatório, mas vexame mesmo veio após o final da 38ª rodada.


Em menos de um dia dos resultados decididos em campo (vale ressaltar), surgiu uma denúncia de que a Portuguesa havia escalado um jogador irregularmente na última rodada. Posteriormente, se confirmou também que o jogador André Santos do Flamengo atuou suspenso, assim como Hevérton da Portuguesa. Estava instaurado o caos. Depois de realizarem campanhas pífias, tanto Vasco quanto Fluminense tinham a hipótese de permanecer na Série A em 2014, rebaixando Portuguesa e Flamengo. Atente-se para o detalhe de que o Cruzeiro colocou em campo um jogador sem contrato, fazendo ao meu ver, surgir uma situação idêntica a de Flamengo e Portuguesa. Elisson do Cruzeiro, André Santos do Flamengo, e Hevérton da Portuguesa atuaram, sem legitimidade para estar em campo. Tanto um jogador suspenso como um sem contrato estão igualmente sem condições de atuar. Todos os três atuaram. A pena do Cruzeiro foi de multa...



Uma vez, em um debate proposto pela faculdade, o meu grupo já havia cercado o grupo adversário em argumentação, e eles não tinham mais o que falar. Mesmo assim, para encerrar, o meu concorrente disse: "Se fizermos o que eles estão propondo, estaremos jogando a Constituição no chão." Foi um bom fim de discurso, mas e daí? Fazia sentido? Nenhum! Se a Constituição não garantia tanto a proteção da vida, então que mude a Constituição até que ela seja capaz de garantir. A questão se tratava a respeito de vidas humanas, e ele estava preocupado com a manutenção das leis em um papel. Se este papel não estava protegendo as vidas, faz sentido defendê-lo só porque é um papel importante? Vidas são mais importantes que um livro cheio de regras. Quando a justiça é injusta, temos que discutir acerca dela também. Ainda no meu primeiro semestre de faculdade, ouvi uma frase da qual gosto muito "Se encontrares o Direito em oposição à Justiça, luta pela Justiça!". Pela lei, Flamengo e Portuguesa terão que perder os pontos, mas é realmente justo? Hevérton entrou e atuou menos de 15 minutos, no 0 x 0 da Portuguesa contra o Grêmio. Mesmo que a Portuguesa tivesse perdido, não seria rebaixada. É justo?! Está sim escrito na lei, e está prevista a perda de pontos, e foi sim um erro gravíssimo e amador dos três times, mas novamente pergunto. É justo? O caso seria diferente se houvesse interferência direta nos jogos, e se esses jogadores tivessem salvado seus times do rebaixamento. Não era o caso. Se a Portuguesa só escapasse com vitória, e o Hevérton tivesse participado do gol ou feito o gol da vitória, minha opinião seria diferente. Um amigo me disse que não se cumprindo a lei, abrir-se-á um precedente perigoso, de que a lei não vale nada. Até que faz sentido, mas neste caso, cumprir a lei abrirá um precedente mais perigoso ainda! O precedente de que o que está escrito deve sempre ser cumprido sem ser questionado, e de que a Moral e a Justiça não valem nada. Sinceramente, se fosse com o meu time, eu me envergonharia deste pedido. Se o Palmeiras já tentou fazer ou tentará fazer algum dia, vou me opor da mesma forma. Encerro por aqui, minha modesta opinião à respeito deste assunto. Ao meu ver, o campeonato acabou dia 8 de dezembro e deve-se manter tudo o que ocorreu dia 8 de dezembro. Espero que se faça cumprir o que é realmente justo. Eu entendo que, há de se lutar pelo que é certo, seja quando o assunto é futebol ou fora dele, mesmo que isso doa. Sou apaixonado pelo Palmeiras, como sou apaixonado por poucas outras coisas na minha vida. Amo o meu time, mas respeito demais os meus princípios para ir contra eles, caso haja dúvida. Se fosse o Palmeiras tentando permanecer utilizando a lei, eu seria contra também. Como disse o vice-presidente do Corinthians "cair é acidente de percurso". E se no futuro cair de novo? Então levantará de novo, mas tudo dentro do campo. Seu time é grande e certamente disputará títulos importantes em 2015 ou quem sabe mesmo em 2014... Finalizando, deixo uma pergunta para você leitor. Se fosse o seu time de coração na situação do Fluminense, você lutaria pelo que é moral e ético, ou lutaria para que seu time permanecesse, mesmo que fosse injusto? Cada um que resguarde sua resposta para si mesmo. A minha resposta vocês já sabem. Um abraço e boa sorte para a Portuguesa. Espero que a Justiça prevaleça e que não aconteçam mais casos assim no futuro!