Antes de ontem fui
premiado com uma daquelas grandes peripécias que a vida parece aplicar. Algo injusto acontece e
você só se pergunta qual poderia ser a razão de as coisas desenrolarem desse
jeito. Acho que posso dizer que foi uma obra do destino, ou uma intervenção
direta das forças regentes deste Universo, e a consequência disso deve ser
grande. Você frequenta a faculdade por seis meses consecutivos, e por mais
que aquela matéria (ou qualquer outra) não te chame a atenção ou desperte uma
vontade louca de estudar e aprender, você vai as aulas porque você
precisa ir. Você faz as atividades (ou copia, porque o professor não se
importa em receber vinte atividades iguais), você está sempre lá, mas está
sempre quieto. Não basta. Você precisa chamar a atenção para estar lá ou alguém
ainda pode dizer que nunca te viu. Você supera as adversidades, supera os
problemas de saúde, e supera principalmente o desânimo e a vontade de não estar lá. Direito não é a minha praia, amigo, mas cheguei longe, sabe? Muito longe.
Se tudo der errado no futuro, com o meu diploma de Direito ainda posso ter um emprego
bom e cuidar da minha futura esposa e dos meus futuros filhos. Eles ainda não existem, mas já são motivo de preocupação. Eu percebi muito tarde que não gostava deste curso, e ao
final do oitavo semestre eu não penso mais em desistir. O Direito não me instiga,
e não me atrai, e não me empolga, entende? E eu sou desses caras que precisa de paixão pra
viver. Amor! O meu combustível não é dinheiro! O meu combustível é amor!
Quanto mais amor eu puder trazer ao mundo mais realizado eu serei. Este mundo precisa de ajuda, e precisa de amor, e somente fechando os olhos para a realidade para não enxergar que este mundo que vivemos é
um mundo de contrastes.
Um dia você acorda bem
e de repente alguém te passa uma rasteira. Os dias nublados que você tanto ama
agora se voltaram contra você. Eles fizeram uma parceria para esconder o sol
pelos próximos dois dias e você não tem o que fazer para mudar isso. Parece uma grande
conspiração, ou um teste que nunca acaba, para ver se você vai sucumbir de vez ou
levantar mais forte. Eu falhei muito sozinho na minha vida, e quando isso
acontecia, eu caía de joelhos. O fracasso é uma das piores sensações que existem. Quase nada é pior do que saber que o que separou você do ouro foi você
mesmo. E eu perdi muitas medalhas antes. Desta vez não estava comprometido em
vencer, mas em ultrapassar a linha de chegada. E ultrapassei, mas depois que eu
já havia encerrado a prova e estava tudo bem, alguém decidiu dizer que em algum
momento do percurso eu cometi uma falta grave e que vou ter que começar tudo
de novo e em outro dia. Eu perdi o chão. É difícil aceitar o próprio
fracasso, mas é quase impossível compreender um fracasso que lhe foi atribuído quando
você não fracassou. Você tenta dormir, mas o sofrimento o persegue e tira seu
sono. Você tenta comer, mas o estômago não está totalmente recuperado da última
crise. Mesmo assim você tenta algo. Você quer que as coisas façam um pouco mais
de sentido. Você não quer que o Universo ou Deus lhe ofereça um benefício
grande como recompensa. Tudo o que você quer é corrigir aquela grande
injustiça. Tudo o que você quer é o que é certo, mas o mundo pode ser muito
cruel algumas vezes. Pode sugar toda sua esperança de uma vez, mas nem tudo é
injustiça e caos. O mundo é de contrastes, e algumas vezes por isso sou grato.
Entrei no elevador hoje cedo para tentar resolver essa situação que me tirou do sério.O elevador parou no térreo antes da garagem, e primeiro entrou uma mulher de sessenta anos de idade, e depois um homem da mesma idade empurrando um carrinho de bebê com uma menininha dentro. Ela era muito linda! Um absurdo de fofa! Mais bonita do que os bebês de propaganda de fraldas. Eu disse "Bom dia", mas o casal não me correspondeu. Talvez eu tenha falado baixo, ou a expressão enfezada deles significava que estavam tendo uma manhã ruim, mas aquela menina estava alheia a qualquer sentimento negativo. Ela me olhou diretamente com seus olhos azuis, e ficou esperando por algum sinal meu. Pareceu esperar que eu dissesse bom dia para ela também, e quando eu decidi que era sensato cumprimentá-la, falei "Oi", sorri, e agitei uma de minhas mãos no ar acenando para ela. Aquilo não foi nada demais, mas ela adorou. Ela me sorriu com uma intensidade tão incrível, e agitou os pequenos bracinhos no ar de maneira desengonçada como se comemorasse meus gestos. Eu continuei fazendo o que qualquer pessoa sensata faria: continuei conversando com ela. Eu ficava sério somente para sorrir outra vez em seguida, e caramba, como a garotinha gostou do meu sorriso. Cada vez que eu sorria, ela sorria de volta. O nosso tempo no elevador foi curto, menos de um minuto, e quando chegamos ao subsolo ela ainda estava sorrindo. Dei um tchauzinho para ela, acenando, e sorri mais uma vez. Ela comemorou novamente. Saiu tentando retribuir meu aceno com movimentos engraçados dos pequenos bracinhos, e sorrindo. Peguei meu carro e fui resolver meu destino com uma única certeza: nada de ruim que pudesse acontecer tiraria meu sorriso. Obrigado, menina. O seu sorriso bateu de frente com a minha semana ruim. Você salvou o meu dia!
Um bom final de semana para todos vocês!
"Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão". Confúcio.
Entrei no elevador hoje cedo para tentar resolver essa situação que me tirou do sério.O elevador parou no térreo antes da garagem, e primeiro entrou uma mulher de sessenta anos de idade, e depois um homem da mesma idade empurrando um carrinho de bebê com uma menininha dentro. Ela era muito linda! Um absurdo de fofa! Mais bonita do que os bebês de propaganda de fraldas. Eu disse "Bom dia", mas o casal não me correspondeu. Talvez eu tenha falado baixo, ou a expressão enfezada deles significava que estavam tendo uma manhã ruim, mas aquela menina estava alheia a qualquer sentimento negativo. Ela me olhou diretamente com seus olhos azuis, e ficou esperando por algum sinal meu. Pareceu esperar que eu dissesse bom dia para ela também, e quando eu decidi que era sensato cumprimentá-la, falei "Oi", sorri, e agitei uma de minhas mãos no ar acenando para ela. Aquilo não foi nada demais, mas ela adorou. Ela me sorriu com uma intensidade tão incrível, e agitou os pequenos bracinhos no ar de maneira desengonçada como se comemorasse meus gestos. Eu continuei fazendo o que qualquer pessoa sensata faria: continuei conversando com ela. Eu ficava sério somente para sorrir outra vez em seguida, e caramba, como a garotinha gostou do meu sorriso. Cada vez que eu sorria, ela sorria de volta. O nosso tempo no elevador foi curto, menos de um minuto, e quando chegamos ao subsolo ela ainda estava sorrindo. Dei um tchauzinho para ela, acenando, e sorri mais uma vez. Ela comemorou novamente. Saiu tentando retribuir meu aceno com movimentos engraçados dos pequenos bracinhos, e sorrindo. Peguei meu carro e fui resolver meu destino com uma única certeza: nada de ruim que pudesse acontecer tiraria meu sorriso. Obrigado, menina. O seu sorriso bateu de frente com a minha semana ruim. Você salvou o meu dia!
Um bom final de semana para todos vocês!
"Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão". Confúcio.