Eu não sei nem mais se sei escrever sobre
um assunto específico, mas como tentar não custa nada e o site é meu... Só
peguem leve comigo, pois eu estou voltando, ok?
Desde sempre eu pensei que a primeira
obrigação de um amigo fosse ser verdadeiro com o outro. “Que mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fieis” (Victor
Hugo). Os anos se passaram e hoje conto com cinco bons amigos – e o resto é
o resto e só. Não mudei minha concepção sobre amizades – não inteiramente.
Aproximadamente há cinco anos, eu esperava que um amigo tivesse uma obrigação
moral com o outro, ou seja, eu acreditava em algo parecido com reciprocidade.
Só te faz de primeira opção quem realmente gosta e se preocupa com você, certo?
Será? Na maioria das vezes sim. Eu reluto em acreditar que uma pessoa que nunca
tenha tempo para você possa ser chamada de amigo e no meu modo de ver não são
muitos que merecem essa palavra tão forte. Acho que meus pais foram
ligeiramente amorosos demais e moralmente severos demais e isso me obrigou a
encarar as perspectivas do mundo desde cedo. Eu também assisti a desenhos
japoneses em excesso e eles me ensinaram a ter um senso de lealdade aos amigos
que dificilmente eu aprenderia com tanta facilidade no dia-a-dia (ainda mais durante a infância). No momento
mais difícil de uma trama um rapaz está prestes a morrer, mas crê piamente que
o amigo qual brigou irremediavelmente voltará para ajuda-lo. Ele volta. “Eu vim por você, amigo”.
Sejamos
honestos e utilizemos da razão ou nossas ações não valerão mais que as de
qualquer animal. Um amigo pode ser de qualquer jeito, forma, cor. Ele pode ser
estúpido, louco, bêbado, sério, engraçado, qualquer coisa. E você vai
apreciá-lo inicialmente exatamente por algo que vê no meio da casca dele (se você já aprecia alguém só pelo
superficial, você é um idiota). Agora faço o questionamento para todos
aqueles que acham que possuem amigos de verdade. Quando ele faz algo que não é
certo, você se pronuncia ou fala mal dele pelas costas? Quando ele excede os
limites, você o interpele a respeito das atitudes tomadas recentemente ou se
omite? Se você não conversa com seu amigo sobre o lado “ruim” dele, vive passando a mão na cabeça e precisa concordar com
qualquer idiotice em “nome da amizade” você não é um amigo e sim um bajulador.
Particularmente demonstro sempre meu asco para com todos os bajuladores e é
claro que isso está diretamente ligado ao número quase irrelevante de pessoas importantes que eu tenho na minha
vida. E daí? Eu já perdi um amigo no momento em que ele veio se exibir sobre
duas mulheres que tinha levado para cama (realmente bonitas) e minha primeira
pergunta foi “Mas se é isso que você
quer, por que não termina o namoro?”. Muito se disse e mais ainda se
inventou por tudo o que veio posteriormente, mas nada daquilo importava. Não
tenho ilusões de que nossa amizade tenha durado um minuto depois do momento em
que eu o confrontei. Eu perdi a pessoa da minha vida quiçá para sempre, mas
aceitei sem me arrepender. Ser como você quer ser não custa nada e ainda assim
não é barato.
Os namoros não matam todas as amizades em todas
as ocasiões, como alguns alegam. Geralmente quem incita esse tipo de
comportamento são amigos (ou bajuladores)
ciumentos que não suportam a ideia de que o seu amigo agora passe a ser uma
pessoa fundamental na vida de outro. Vi dos dois exemplos no meu próprio
namoro. Houve pessoas que se afastaram assim que eu comecei a namorar. Não,
você não leu errado. Muita gente entende que o fato de você ter uma namorada
implique necessariamente em isolamento social – te excluem de baladas, bares e
quaisquer outras programações só por suporem que agora você não gostaria de ir
ou que isso não é programa de namorados, mas sequer perguntam. Esse tipo de
comportamento acontece a todo o momento e você que me lê provavelmente já
sofreu ou incentivou isso. Há, porém, os casais que buscam o isolamento e
consequentemente são eles os responsáveis por afastarem os amigos. Eu finalmente tenho uma pessoa incrível na
minha vida. Por que agora eu preciso do resto? É mais ou menos assim que se
manifestam os mais radicais. Fazer de alguém prioridade não te obriga a ignorar
ou desprezar o restante do mundo, mas quem quer é livre para fazer isso.
Enfim, por que raios eu estou falando
sobre amizades em uma tarde de domingo? Assim como muitas pessoas banalizam o “Eu
amo você” outras tantas transformaram colegas
em amigos configurando constantes
hipérboles que às vezes me deixam pasmo e às vezes me deixam irritado. Há
muitos conhecidos e colegas, mas sempre existirão em ínfima quantidade os
verdadeiros amigos. Ainda assim essas são as pessoas que estão de verdade com
você e para você. Você pode ter um gosto totalmente diferente daquele seu
amigo, mas vocês se entendem apesar disso. Você ama o futebol, ele ama carros;
você ama o silêncio e o outro gosta do barulho; você gosta de ler livros e ele
de atividades físicas; você gosta do campo e ele das festas, mas essencialmente
vocês se respeitam e se aceitam como pessoas diferentes. Comecei a escrever
ainda incomodado, mas ao longo do texto notei que tenho mais a agradecer do que
a reclamar, pois aprendi a diferenciar e reconhecer verdadeiras amizades. Embora
sejam poucos, eu tenho mesmo alguns amigos e por tal motivo sou um homem mais
feliz. Que os bajuladores um dia compreendam a diferença entre amigo e colega e que os laços que os
unem não sejam tão tênues que se rompam caso deixem de elogiar pomposamente as
pessoas por todos os dias. Um brinde às pessoas e aos amigos de verdade! Desejo
de coração uma excelente semana a todos!
Obs: Extraordinário é um ótimo
livro/filme para fazer refletir sobre a vida que leva e os princípios que o
regem. Para quem busca esse tipo de meditação e autoconhecimento essa é a
minha dica. “Não tenha amigos que não estejam à sua
altura”. Confúcio.