sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Meu Castelo Animado

Eu estava dormindo quando ouvi um ploft. Um barulho estranho que me fez levantar da cama brevemente. Não era uma batida de carro e nem nada que eu pudesse reconhecer. O meu sono sempre foi profundo, mas isso tem mudado de algum tempo pra cá. Sonhos e pesadelos acontecem o tempo todo. Dizem que tudo o que você sonha pode ser interpretado como um sinal. Não acredito muito nisso, pois determinada cor significa morte, e morte significa vida, e vida significa alguma outra coisa. Se isso tudo se concretizasse em um plano perfeito os sonhos seriam oficialmente a maneira mais confusa de oferecer uma mensagem a alguém. Enfim, eu levantei da minha cama. Por um reflexo simples fui até a janela do meu banheiro, pois fiquei com receio de sair na sacada e pisar em algum cocô do Link. Se isso acontecesse eu ficaria estressado em plena madrugada e seria o adeus definitivo ao meu descanso noturno. Na rua aparentemente estava tudo normal. Um vento gelado que parecia querer anunciar alguma coisa aos meus ouvidos sempre atentos parou na janela fechada. O vento não me atingiu, mas mesmo assim eu ouvi o seu sussurro desesperado. Então eu só segui pelo apartamento. Agora que tenho vinte e dois anos já não sou mais um menino. Agora é a minha obrigação ir verificar se meus irmãos e minha mãe dormem bem, e se está tudo tranquilo. Estava. Não quer dizer que eu tenha deixado de ter medo, mas agora eu já posso enfrentá-lo. Você percebe? Nós mal piscamos nesses últimos anos e veja quanta coisa aconteceu. Veja como o tempo passou... Do que você era antigamente o que foi que sobrou?


Eu conservei muito do que eu era, mas hoje sei admitir que a mudança é a lei da vida. O mestre Victor Hugo disse para mudar suas flores, mas manter suas raízes. Eu aprendi a fazer isso. Algumas vezes eu ainda me prendo a sorrisos passados e a lembranças singularmente valiosas que não deveriam significar tanto. Pode soar patético, não é? Mas você sabe o que eu quero dizer. Os anos acabaram com seus planos, e eles deixaram de ser parte do seu futuro. Você sabe o quanto doeu e o quanto ainda dói. E sabe que é muito tarde para salvar algumas coisas. E há algo seriamente errado conosco, pois nunca pensamos em deixar essa cidade. Mesmo sabendo mais do que o resto do mundo o que é de verdade. Tudo está tão insosso agora. A felicidade é uma promessa que demora, e o que pode ser feito para acelerá-la? Eu não sei essa resposta. Eu não tenho metade das soluções das perguntas que eu preciso que sejam respondidas, mas eu continuo me perguntando e tentando me responder. São mesmo as perguntas que movem o mundo. Sorte a minha é ter feito sempre milhares de perguntas. Não precisei de algumas coisas que os outros precisam para enxergar o que é verdadeiro. Eu ouvi aquele ploft na minha mente outra vez, mas desta vez era só uma lembrança. Quando eu entendi o que aquele barulho significava eu fiquei assustado. Depois daquilo eu não poderia mais ficar sem fazer nada. Eu percebi que tenho que fazer alguma coisa o quanto antes. Você que se acha muito ruim pode não ter noção do que significa para os outros. Seja sempre quem você é e tenha força para se manter em pé. Não precisamos escutar aquele barulho nunca mais.


E que me perdoem os mentirosos, mas a verdade nunca foi e nunca vai ser uma questão de ponto de vista. Ser absolutamente sincero é complicado. Quase ninguém gosta da verdade. Cada um acredita no que quer acreditar, e assim, surge uma zona de conforto praticamente impenetrável. Uma zona sobretudo perigosa, que mistura passado, presente e futuro, que abrange ilusões, arrogância, raiva e medo. Todos estão segurando pedras enquanto miram outros tetos de vidro. Mãos ágeis e olhares atentos. Todos imaginam se é prudente derrubar o outro antes que seja derrubado e mesmo os bons escutam ecoar no fundo de suas mentes "talvez sim". Não me orgulho de todas as coisas que já fiz na vida, mas eu não as escondo por mais embaraçosas que sejam. Quando a poeira desaparecer, você sabe que metade estará assistindo o Domingão do Faustão idolatrando as mesmas estrelas que acompanham de segunda a quinta (sexta e sábado têm balada), e a outra metade estará fumando maconha e discutindo novas técnicas para esconder o cheiro da fumaça, ou, discutindo política, ou, tocando velhas canções no violão e se gabando por serem mentes abertas. Canções que os façam parecer diferentes e únicos, mesmo que eles saibam que não são. O resto que não estiver fazendo isso dificilmente estará fazendo algo muito mais útil, mas, mesmo assim no final do dia somos sempre cheios de opiniões agressivas e nos consagramos como donos de algo que não somos. Experiência não torna ninguém absoluto, e isolamento também não. Aliás tentar ser absoluto é uma perda de tempo. Trata-se de saber manejar o seu próprio castelo. Não. Nem todo castelo é uma construção estática. Eu estou subindo novos muros para me proteger de tudo aquilo que é ruim, mas estou construindo mais portas e janelas. Muito mais. Eu preciso deixar mais pessoas entrar e conhecer o mundo maravilhoso que existe aqui dentro. Tive uma semana ruim, e talvez não seja interessante entrar agora, mas quero avisar-lhes que a partir de hoje a porta sempre estará aberta. O meu castelo é uma extensão do meu ser. Aqui vocês encontrarão as minhas opiniões, os meus sonhos, os meus planos, os meus velhos poemas, algumas páginas antigas de diário, textos sem nexo algum, rimas antigas, e tudo mais que possui e integra de maneira profunda e sincera o meu coração. Eu não tenho vergonha de ser quem eu sou e gostar das coisas que eu gosto, e por isso o meu castelo não será derrubado com pedradas. Sou de verdade. O meu teto não é de vidro e o meu castelo não é de cartas. Dias tristes virão e irão embora assim como os felizes, mas eu estou tirando o melhor de cada dia para me tornar um homem melhor. Por isso eu creio que um dia o meu castelo possa inspirar futuros castelos tão mais incríveis que o meu. Vou seguir meus sonhos e objetivos até me sentir esgotado e só pararei quando puder enxergar os outros castelos. Isso tudo que está aqui foi construído aos poucos, mas está ficando realmente muito bonito. Esse sou eu. Sejam bem-vindos.


O plano de fundo é do filme O Castelo Animado produzido pelos estúdios Ghibli e baseado na obra da escritora inglesa Diana Wynne Jones. Na minha modesta opinião é o segundo melhor filme dos estúdios Ghibli (perde para A Viagem de Chihiro) e o livro é muito interessante também. A ideia do castelo que se move realmente mexeu comigo. Vejo o castelo como a minha mente que nunca para de funcionar e está sempre em atividade sonhando, imaginando, ou realizando. Um dia espero contagiar o mundo com o melhor que existe em mim. Eu sei que sou capaz de fazer isso. Torçam por mim! Estarei torcendo por vocês! Acompanhem o meu castelo! Vocês presenciarão grandes coisas! 



Bom final de semana para todos vocês! Acompanhem minhas evoluções! Quem viver verá grandes coisas! Tudo de bom para vocês! Um beijo e um abraço! Adiós!


"O auto-respeito é a raiz da disciplina. A noção de dignidade cresce com a habilidade de dizer não a si mesmo." Abraham Lincoln.

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