quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Obrigado!

     Claro que não há necessidade de expor o crescimento, mas quem sabe que brilha mais do que antes não precisa ter vergonha de mostrar a sua alma. É errado se inferiorizar porque o resto do mundo é cruel ou porque as coisas vão mal, mas entenda que luzir nada tem a ver com vaidade. Queria poder dizer que 2018 foi um ano só de alegrias, mas não foi bem assim. O grande Gandalf disse uma vez: “a mão queimada ensina melhor. Depois disso o conselho sobre o fogo chega ao coração”. Então me queimei, mas de maneira pueril busquei o desconforto da repetição por centenas de vezes. Até que chegasse ao coração. 

     Neste sentido, eu devo reconhecer que um ano é apenas um ano, mas no caminho houve marcos da mudança. Hoje olho para trás e sorrio, pois jamais abandonei minha essência. Ainda assim me permiti a trocar de opiniões. Não fiz nada pelos outros, pois só os perdidos vivem para agradar e não sabem a diferença entre bajulador e amigo. Há quem te espante diante de uma verdade simples e direta, pois que não peçam minha opinião. Errei e me desculpei. Fui perdoado e também não fui. Tive conexões de amizade que pensei que seriam eternas e foram fugazes. Conheci muitas pessoas e admirei o Universo que havia em cada uma. Tomei rasteira de quem não tinha o direito de me ferir e fui erguido por réprobos solitários que queriam que eu acreditasse no amor. “Somos todos ligeiramente quebrados, vê”? Não me esqueci dos vários nomes, nem de seus sotaques e vozes. Estive em São Paulo atrás dos meus sonhos e ouvi de 30 editoras que não analisariam os meus livros, pois estavam sobrecarregados. Obviamente me frustrei, pois preferia que alguém tivesse recusado meus projetos do que vê-los ignorados. Troquei de emprego e de cidade e do dia para a noite o meu jeito de viver mudou completamente. Dirigindo enfrentei os perigos todos os perigos da estrada: chuva, neblina, noite, animais e o (pior deles) sono. Quase nunca mais fui ao cinema, criei uma página de poesias (com a ajuda de uma digital influencer), apareci no jornal e no Youtube, revivi o blog e escrevi bons textos. Muitas vezes falei muito. Quase sempre disse pouco. Descobri que 2 é o melhor número par e que o 1 é o pior número ímpar. Treze é a sina de muita gente, mas trinta e um até onde sei é pura sorte. Revi amigos de infância, conheci novas cidades e li 26 livros. 

    Aprendi sobre ser anfitrião e entendi que existir cobra responsabilidades. Aceitei-as. Fui enérgico e sensacional. Fui decepcionante e rápido. Cada um colheu uma impressão diferente. Abracei desconhecidos, emprestei notas de 2 reais, ouvi sax na madrugada. Quis entender suas histórias. Senti saudade de assistir jogos com o Caio e de estar com meus poucos e bons grupos de amigos. Quis resmungar com o Matheus que ele dormia mais de doze horas seguidas. Meus irmãos não estavam perto. Descobri que o meu sorriso é bonito e as fotos com flash captam minha beleza. Ri das melhores mentiras que contaram para me agradar e suspirei diante das grandes verdades. Assimilei as pancadas. Falei sobre furacões e amor. Cuidei das coisas frágeis, mas compreendi que nem todo o cuidado do mundo garante que tudo não se perca. Desejei que meus melhores amigos estivessem comigo e me recordei de uma distante e divertida noite de bebedeira. A vida é sutil, dolorosa e linda. Escutei Lord Huron e Mumford & Sons mais vezes que qualquer outro ser humano. Escrevi minhas experiências. Sonhei acordado e vivi dormindo. Fui o homem mais solitário do planeta. Ganhei algum dinheiro. Adotei uma gata preta que dá sorte (Nami). Recolhi da estrada outra gata, esta arisca e esfomeada (Auri). Chorei pela saudade que ainda sinto do meu cão (Link). A conclusão de tudo é nenhuma, mas continuar a viver basta até que eu encontre bons motivos para ser feliz e celebrar. Agradeço ao que passou, pois ter vivido o Real Folk Blues e conhecido a tristeza profunda me fez capaz de valorizar meus momentos de alegria. Não quero e nem vou mais sofrer com tanta facilidade, mas aceito que sou estranho e pretendo continuar sendo alguém que valoriza as coisas frágeis e vive pelos detalhes. Ainda sou lagarta rastejando no chão, inseto sem casa, mas sigo confiando em meu coração e acreditando no nascimento de minhas asas. Já é 2 de janeiro de 2019. Não faz mais sentido olhar tanto para trás se coisas maravilhosas estão adiante. Há outros dias pela frente, mas a felicidade é pra já. Meu muito obrigado a quem participou da minha jornada no ano passado. Que estejamos juntos neste ano! Que todos sejam mais corajosos e felizes! 🧡

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