Minha bisavó faleceu ontem pela manhã.
Nestes momentos, aceitamos o que nos é dado, sem ter a convicção de qualquer
coisa, pois nunca saberemos o que ocorre posteriormente. Devaneamos com
reencarnações, lugares ermos, infernos e paraísos ou até mesmo com o nada.
Desejamos pelo melhor da alma. Torcemos pelo melhor caminho seguinte. Os que
partem, talvez, nos vejam de cima com um orgulho altivo. Como conhecem (agora)
a próxima etapa, apenas observam alegres e saudosistas, as pessoas e o mundo
que não mais a pertencem. Os que ficam sofrem, pois são eles que lidarão com a
ausência. Não sei se acredito em Deus, mas rezei de coração pela alma da bisavó
Palmira, pois em Algo creio e Algo há de abençoá-la pelas novas estradas. Ela
viveu longamente e bem. Quem tem uma boa vida merece uma boa morte.
Assim se vai, mas ainda fica, pois raízes
são lançadas através de histórias passadas entre gerações. Ela vai. Nós
continuamos. É nossos dever. As histórias e lembranças mais doces são
reservadas aos mais próximos; as que eu tenho são raras e especiais. A voz
marcante, chamando sempre um nome diferente; o cuidado e o carinho não eram
exclusividade de uma ou outra pessoa. A insistência para que nós da família
comêssemos mais um pouquinho, ainda que já estivéssemos fartos e cansados; o
cheiro característico da casa, da sala, dos quartos, era de uma forma mágica também
o cheiro dela.
Vá, vó Palmira – para o sono eterno, em
paz. Tantos aqui desejam neste instante um beijo, uma palavra e um abraço a
mais... Mas que o adeus não seja definitivo. Quando penso naqueles que se foram
e nos que ainda vão, aceno ao vento e sussurro, seguro: “Até mais”.
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