quarta-feira, 24 de julho de 2019

Sinal de Vida

Eterno contador das horas
Descobri em qual Tempo te encontrar
O céu plúmbeo anuncia o que sente agora
Você apenas deseja se afastar
Até que possa se recuperar de si mesma
Quanta ingenuidade no seu afago
Cicatrizes abertas mostram o estrago
Seu corpo é um eco da destruição
Abertamente anunciam pela cidade
Fugiu na madrugada a sua sanidade
O boato lhe traz humilhação
Você...
Você não superou
Encaro seu semblante, sério
Infante, reajo ao vitupério
Mas você não parece se importar
Os olhos marejados desfazem o mistério
Está viva, mas se sente em um cemitério
Vítima de um escandaloso adultério
Não sabe ainda como recomeçar
A noite quase se encerrando, sem lua,
Você se recorda enquanto olha para a rua
Tão vazia quanto a sua própria emoção
Diz que não sente nada, mas lágrimas escorrem
Denunciam sua mais secreta sensação
Você adormece, mas nem em sonho se esquece
Acorda em um sorumbático arrepio
Ajeita os cobertores e se aquece, porém,
Tudo ainda soa absurdamente frio 
A manhã seguinte começa e termina cinzenta
para quem se perde na desmedida do amor
Sua parte obscura a torna violenta 
Externa-se, enfim, toda a sua dor 
Repentinamente epifania
Desmistifica-se o que não compreendia
O que machucava antes agora é incentivo
O sofrimento também é um sinal
De que você ainda está vivo
Então viva, sobreviva e sorria
Quem sabe quantas
surpresas há em um novo dia?

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