quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Se um dia eu me tornar o bastante


Se um dia eu me tornar o bastante 
Digam que eu fiz milhares de poemas 
Esqueçam as besteiras que fiz antes
Junto com as desnecessárias cenas 
Se um dia eu me tornar o bastante
Digam para os que ficam que eu estou bem
Este relato não é póstumo, mas viverei além 
Se um dia eu me tornar o bastante
Lembrem-se de que eu amava dias cinzas, 
mas nunca fui meramente fosco 
Se me tornar velho não serei ranzinza 
Talvez apenas um pouco tosco 
 Se um dia eu me tornar o bastante
Observe calmamente o temporal 
Os raios caindo distantes 
Emoções como lindos diamantes
No seu coração só vendaval 
Se continuar olhando a sombra da garoa
Lembre-se de que eu amava tudo
Especialmente pessoas
Os olhos postos no vitral 
dirão que eu via o mundo de cima 
Amava tanto o Natal 
Era minha própria estação e clima 
Julgado por ser anormal 
Mestre perdido das rimas 
Desastrado quase gutural 
De percepções tão finas
Escravo das coisas que sente 
Viciado em cafeína  
Conquistando mulheres independentes 
Perdendo-se para jovens meninas 
Inconstante como o capricho 
Se um dia eu não for o bastante
Espero desaparecer em um vale de neve 
Se fracassar com meus sonhos infantes
Tomara que o vento me leve

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