terça-feira, 27 de agosto de 2019

Erro

     Aproximo-me. Conto meus passos, reconheço-me. Tudo é tão desnecessário quanto essencial, mas alguém permanece por perto. Olhos postos em linha reta, evita o contato visual contínuo. Evade-se. Fujo-me para dentro. Meus olhos revolvem para mim por um ínfimo instante. Perco-me. Quebro o silêncio sem pensar. Assim parcialmente embriagado sou um desastre. Qualquer palavra que domino se apresenta desconhecida. Frases se perdem, completamente confusas, torno-me incapaz de flertar. Sorrio muito. Sorrio exageradamente. Entristeço-me. 

     Ajo no impulso ou não ajo. Derramo-me em simpatia. É um vício que tenho dificuldades em controlar desde que aprendi que posso ser simpático. Antes eu era legal, mas precisava de cinco encontros para começar a ser simpático. Irrito muita gente. Dou de ombros, mas não deixo de pensar. Penso no que pensam. Preocupo-me com quem soa triste. Tenho um ímpeto estranho que me impele a permanecer por perto de quem está triste ou se sente insuficiente. Não é pena. Reconheço-me em outros. Diminuo a distância. Alguns me amam. Alguns me odeiam. Todos possuem bons motivos para tudo ou julgam assim, ainda que não seja verdade. Dou de ombros. 

     O que se prenuncia é um erro, mas tudo bem. Eu não me importo em ser uma vítima da sua raiva ou do seu desdém. Mostre sua raiva e sua força. Esforce-se. Faça de mim o seu melhor erro. 

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